Introdução à Realidade Autor: Atma Ananda (Maria Nikolaeva)
Traduçao do ingles: Jussara Rafael
Esta é uma introdução ao livro "Estratégia de Bem-Estar: Prática Espiritual" de Atma Ananda (Maria Nikolaeva). A verão em inglês está disponível a nivel mundial na 'Amazon', bem como as versões en russo e ucraniano. A autora é formada com mestrado em filosofia (S. Petersburgo, Rússia), tendo feito pesquisas culturais durante doze anos no Sudeste Ásiatico mais um ano na Europa. Este é o mais importante dos 35 livros publicados pela autora que ja tem tradução em sete línguas, porque reflete o metodo original de autoinvestigação. Atualmente, Maria Nikolaeva está a passar uma temporada na Ilha da Madeira, e está contente pela sua introdução ao público português graças aos esforços de tradução da sua amiga Jussara Rafael. A prática espiritual é a estratégia de auto-valorizar-se, a história nos mostra que podemos ter quatro situações em particular: situações em pessoas bem resolvidas numa tradição, pessoas bem resolvidas fora de todas as tradições pessoas mal resolvidas entre os devotos e os ateus. Não é importante, saber qual é a tradição ou quem seja o guru, a única coisa importante é a conecção com a Realidade. Devoção (bhakti) ou devoção religiosa é apenas uma das opções para a verdadeira Realidade, isso significa que a rendição domina a auto-investigação no caminho da realização tradicional. No momento actual é o caminho direto para a Realidade, isso significa que não existe mais ninguém, exceto o próprio a construir a sua própria Realidade (no puro e desbloqueado ser-consciência-felicidade (sat-chit-ananda em sânscrito)). Não existem guias ou intermediários, você nao sabe o conhecimento que cada um possui, isto nao é relevante, tão pouco a experiência de cada um, porque a realidade não muda. Se você escolher a maneira tradicional de realização, no final você precisará fazer a mesma ação que poderia ter sido feita no principio, isto é, ver a Realidade como ela é, porque mais cedo ou mais tarde você terá que enfrentar a Realidade sem qualquer intermediário, então, a questão mais importante é se você será capaz de reconhecer a Realidade como seu próprio Eu. Caso contrário você ainda vai manter um "ideal de Realidade" que você tem de sua tradição ou de seu guru. Paradoxalmente, com guru ou sem guru, a sua auto dependência tem o mesmo nivel.
Normalmente as pessoas pensam que as tradições orientais são baseadas na linha "professor-discípulo" onde se pode obter conhecimento. Existe mesmo essa opinião de que a auto-realização não é possível sem um guru, entretanto esta indicação torna-se contraditoria se você fizer um estudo comparativo das tradições orientais. Por exemplo, a forma original do budismo (Hinayana, ou Theravada) supõe a iluminação por seus próprios esforços somente, enquanto que, na tradição Zen (Mahayana) converte esta sugestão em julgamento extremo: "Se você encontrar o Buda, mate-o!" Uma posição semelhante na autoconsciência ocidental foi desenvolvida pelo antigo filósofo grego Sócrates que, rejeitou a iniciação nos mistérios, mas depois Pyphia do templo principal, declarou que, a saber, ele era o mais sábio entre os homens! As pessoas actuais não são capazes de seguir um guru graças à autoconfiança. Realmente esta qualidade encontra o melhor chão para o seu crescimento no Oriente, no entanto, não pedimos para rejeitar o conhecimento tradicional, porque as pessoas têm diferentes posições ou tendências. Temos que aprender a usar as tradições sem perder a nossa própria base. Outro exemplo do budismo Theravada: a iluminação é a sua realização pessoal, isto desenvolveu muitas praticas e técnicas de como fazê-lo!
Estar no estado de presença significa compreender a variedade cultural de uma sociedade. Atualmente, em muitos países, existem indivíduos em espaço multicultural como nas igrejas cristãs, templos hindus, pagodas budistas e nas mesquitas muçulmanas que ficam perto uma das outras enquanto as pessoas estudam Yoga, Tai-Chi, Reiki etc. e tudo o que elas são, sao em família e estão inseridas em uma sociedade. Cada tradição espiritual tem seu próprio sistema teórico para a interpretação e descrição do mundo, uma estratégia prática para a auto-realização ou libertação do mundo. Cada pessoa segue seu próprio sistema, elaborando estratégias de interação com outras pessoas. E todos os sistemas são dualistas: "isto ou aquilo"; enquanto a estratégia é algorítmica: "se - então". Um sistema tem uma estrutura fixa, enquanto a estratégia é dinâmica, temos que escolher de momento a momento. Obviamente, agora a maioria das pessoas está interessada em uma estratégia, mesmo sem estudar ou construir um sistema. Na era cibernética é comum usar praticamente algoritmos. A espiritualidade uniu-se à prática na noção de "prática espiritual" no Oriente, enquanto a "filosofia prática" separou os significados de "vontade e bem" no Ocidente. Tentamos restaurar o equilíbrio entre compreensão e atividade, abstraindo a "estratégia de auto-ser", em geral, será útil para a reflexão de múltiplas estruturas e orientações num espaço cultural complexo que não se pode escapar. As fronteiras das tradições culturais tornam-se mais transparentes, sendo penetradas pela verdadeira iluminação da Realidade abrangente.
Você sabe, que o importante e saber como fazer - e não o que fazer. Não interessa que tradições culturais aparecem no campo da nossa atividade ou onde estamos, é essencial desenvolver os principais parâmetros de reflexão pessoal, que são característicos de todos os sistemas e ao mesmo tempo, precisamos desenvolver uma estratégia que possa ser usada com qualquer técnica tradicional para trabalhar com os aspectos necessários em um mundo circundante. De qualquer maneira, estando presente, você vai entender a situação atual como ponto de partida, porque normalmente, no início, você pode ter um objetivo particular que pode ser alcançado passo a passo, e você pode criar algum programa para a sua atividade (provavelmente, para o resto de sua vida). No entanto, quando você se aproxima de seu objetivo, seu entendimento torna-se claro, e sua visão do objetivo torna-se mais direta também. Em seguida, vemos o próximo passo que podemos dar a partir de nossa nova presença. Um guru pode ajudá-lo, mas sua auto-confiança é mais valiosa. Se você entender as coisas como elas realmente são, ninguém as tirará de você mas, se um guru faz tudo por você, você não pode decidir nada, - e você não aprende a escolher por si mesmo. Lembro-me do exemplo de Siddhartha no romance de German Hesse: encontrar vivo o Buda, ele reconheceu o Buda como uma pessoa realizada, continuou seu próprio caminho, até alcançar a auto-realização por seus próprios esforços.
Podemos dar muitos exemplos semelhantes, mas a essência é a mesma: um santo só pode ser reconhecido por outro santo. Mesmo se você aceitar alguém como seu guru, ou seja, você é responsável por sua escolha - não ele. De qualquer forma, isto é um de ato de entrega que não tem garantia, pelo menos no nível consciente, porque a sua rendição se baseia na intuição de que você será guiado. Você acredita nele devido o seu próprio sentimento ou a recomendação de alguém ou a sua posição na tradição. Neste momento você também lida com a presença e a escolha pessoal, de seu objetivo final. Você sente que a pessoa é semelhante ao seu ideal de auto-realização, e se você segui-lo, você se tornará como ele. Claro, funciona. Você pode colocar a responsabilidade em seu guru para o processo de auto-realização mas, novamente - esta é a sua escolha. Entao, você será responsável se você vai ou nao alcançar a meta. Há vantagens e desvantagens em qualquer caso. Se você escolher um mestre real, você receberá muitas instruções práticas sobre o que fazer para ver a Realidade sem perder tempo com pesquisa; Talvez você obtenha a iniciação e experimente ver a realidade com seus próprios esforços (shaktipat, etc) passando para um estado avançado. Contudo, mesmo se o seu guru for "real", ele decidirá por você, todas as coisas, e você não poderá desenvolver seu próprio buddhi (habilidade de discriminar entre o real e o irreal), sempre use seu proprio conhecimento. Por exemplo, em Vajrayana você reconstruirá, toda a sua estrutura e será reconhecido como um Lama. Mas ninguém pode prometer que você se tornará um Buda. Esta será a sua chance.
No entanto, devemos estar conscientes de que procurar a Realidade sem qualquer intermediário nem sempre é respeitado pelas pessoas. A maioria das tradições tem uma linha de gurus com 'regras de reconhecimento', enquanto o auto desenvolvimento pode ser baseado apenas em seus próprios 'entendimentos de reconhecimento'... Lembre-se quantos santos começaram dessa maneira apenas para serem respeitados no final. Ramakrishna foi tratado como "louco"; Ramana Maharshi foi espancado com pedras e tornou-se objeto de piadas; Sri Aurobindo foi proclamado por seu guru como "personificação do mal"; Satya Sai teve milhões de devotos que riram dele como se ele fosse um charlatão. Estou dando exemplos extremos, mas no caso de uma "pessoa comum" que decidiu por si própria - ser ou não ser, um discípulo de um ou de outro guru - ninguém vai se importar em compreendê-lo. Até mesmo as religiões mundiais lutam da mesma maneira: os cristãos costumam chamar o budismo de satanismo etc. Então, a escolha é um negócio privado. Finalmente, ela pode terminar sem resultado, e tal pessoa não teria atingido nada mais do que sua própria experiência que, no entanto, pode ser um passo para o autodesenvolvimento.
Seminários Budistas com Maria Nikolaeva
Centro Budista da Madeira, 2016-2017
Está de passagem pela Madeira Maria V. Nikolaeva (Atma Ananda – Shanti Nathini – Dolma Jangkhu – Made Sri Nadi) Mestrada em filosofia pela universidade de São Petersburgo na área de Psicologia Pessoal, membro de 'The Association for Study of Esoterism and Mysticism', 'The International Writers Union', and 'The Russian Union of Translators'. Autora de 33 livros sobre espiritualidade impressos na Russia (115 000 cópias), EUA, Europa, Ásia e de mais de 100 artigos; correspondente permanente de revistas e tradutora de escrituras clássicas para o Russo. Depois de deixar a sua posição como editora da Universidade Estatal de São Petersburgo ela passou 5 anos na Índia vivendo em ashrams e visitando lugares sagrados. Praticou com mais de 50 mestres espirituais Indianos e Ocidentais, havendo completado cursos em muitos centros, e foi certificada omo instrutora de Yoga. Ela recebeu iniciações em antigas tradições Indianas Natha-Sampradaya e Kriya-Yoga; tornou-se Karma-Sannyasini na ordem de Vedanta (Escola de Yoga de Bihar). Esteve também envolvida em investigação comparativa de outras culturas Orientais tornando-se Mestre de Reiki. Tem também publicado livros sobre Taoismo Feng-Shui e praticou Tai Chi e viajou pela China. Tomou refúgio Budista e praticou Ngendro (Escola Karma-Kagyu) no Nepal, aprendeu o Vipassana Theravada em centros na Índia, Sri-Lanka. Tailândia, e Mahayana Zen no Vietname. Desta forma viajou durante dois anos através de 10 países no Sud Este da Ásia trabalhando com diversos mestres espirituais. Depois de completar o seu original 'Self-Being Strategy' (Estratégia para o Estar em Si') ela deu aulas e aconselhamento durante 5 anos na ilha de Bali (Indonésia) e desde 2014 regressou a São Petersburgo. O seu novo projecto 'The East in the West' ('O Oriente no Ocidente') já a levou a 10 países Europeus. Mais informações sobre a oradora:
https://www.facebook.com/maria.nikolaeva.7737 O Centro Budista da Madeira tem o prazer de anunciar os seguintes seminários com Maria Nikolaeva:
SEMINÁRIO #1 (17-19 Jun)
Os três veículos do Budismo (Pequeno, Grande e o de Diamante) 17 Jun.(sex.) 18h – 20h Exposição teórica
18 Jun.(sab.) 12h – 18h Prática: a base e 3 métodos de Vipassana
19 Jun.(dom.) 12h – 18h Prática: a base e 3 métodos de Vipassana
SEMINÁRIO #2 (24-26 Jun)
Influências no Budismo Tibetano (Tantra, Taoismo e Bon) 24 Jun.(sex.) 18h – 20h Exposição teórica
25 Jun.(sab.) 12h – 18h Prática: Métodos energéticos Tântricos (Pranayama + Bandhas)
26 Jun.(dom.) 12h – 18h Prática: Métodos energéticos Taoistas (Microcosm construction)
SEMINÁRIO #3 (1-3 Jul)
Hatha-Yoga como prática Tântrica 1 Jul.(sex.) 18h – 20h Exposição teórica
2 Jul.(sab.) 12h – 18h Prática: Assanas e métodos
3 Jul.(dom.) 12h – 18h Prática: Assanas como instrumento de transformação interior a nível físico (a classificação das principais categorias de Assanas, entre outros).
SEMINÁRIO #4 (8-10 Jul)
O Budismo entre as tradições Espirituais Orientais 8 Jul.(sex.) 18h – 20h Exposição teórica – Aula Self-Being Strategy na prática espiritual (será o aniversário da Maria e haverá uma celebração)
9 Jul.(sab.) 12h – 18h Prática: Análise da estrutura individual (psicotécnicas individuais)
10 Jul.(dom.) 12h – 18h Prática: Métodos de auto-investigação (Meditação e 'Volume Way')
Os seminários decorrerão na sede do CBM.
Entrada livre sem inscrição, com base em doação voluntária.